CIÊNCIAS
A tendência
atual do ensino de ciências é fazer com que os alunos observem, pesquisem em
fontes diversas, questionem, registrem, relacionem com o seu cotidiano de vida
e aprendam. Levar os alunos a trabalhar e a discutir problemas envolvendo
fenômenos naturais e suas implicações que isto traz para o homem, a sociedade e
o meio ambiente é tarefa fundamental no ensino desta disciplina e para isto
devemos buscar um trabalho que priorize o processo de “alfabetização
científica” e sua relação com a ciência, tecnologia, sociedade e ambiente
(CTSA).
Tomando como referência a ideia de Paulo Freire sobre a alfabetização
podemos entender que, “a alfabetização é mais que o simples domínio psicológico
e mecânico de técnicas de escrever e de ler.” Logo, esta alfabetização deve
possibilitar a compreensão dos conceitos científicos fundamentais, a natureza
da ciência, ética e políticas que circundam sua prática e o entendimento das
relações existentes entre a ciência, tecnologia, sociedade e meio ambiente.
Podemos
destacar um breve relato sobre a linha do tempo do ensino de Ciências no
Brasil:
1879 É
fundada a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro. Professores seguem o pressuposto
de que o aluno descobre as relações entre os fenômenos naturais com observação
e raciocínio.
1930 A
Escola Nova propõe que o ensino seja amparado nos conhecimentos da Sociologia,
Psicologia e Pedagogia modernas. A influência desses pensamentos não modifica a
maneira tradicional de ensinar.
1950 Os
livros didáticos são traduções ou versões desatualizadas de produções
europeias, e quem leciona a disciplina são profissionais liberais. Vigora a
metodologia tradicional, baseada em exposições orais.
1955 Cientistas
norte-americanos e ingleses fazem reformas curriculares do Ensino Básico para
incorporar o conhecimento técnico e científico ao currículo. Algumas escolas
brasileiras começam a seguir a tendência.
1960 A
metodologia tecnicista chega ao país, defendendo a reprodução de sequências
padronizadas e de experimentos, que devem ser realizados tal como os cientistas
os fizeram.
1961 Com a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), passou a ser obrigatório
o ensino de Ciências para todas as séries do Ginásio (hoje do 6º ao 9º ano).
1970 A
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência critica a formação do
professor em áreas específicas, como Biologia, Física e Química, e pede a
criação da figura do professor de Ciências. Sem sucesso.
1971 A LDB torna
obrigatório o ensino de Ciências para todas as séries do 1º Grau (hoje Ensino
Fundamental). O Ministério da Educação (MEC) elabora um currículo único e
estimula a abertura de cursos de formação.
1972 O MEC
cria o Projeto de Melhoria do Ensino de Ciências para desenvolver materiais
didáticos e aprimorar a capacitação de professores do 2º grau (hoje Ensino
Médio).
1980 As
Ciências são vistas como uma construção humana e não como uma verdade natural.
São incluídos nas aulas temas como tecnologia, meio ambiente e saúde.
1982 Surge o
modelo de mudança conceitual, que teve vida curta. Ele se baseia no princípio
de que basta ensinar de maneira lógica e com demonstrações para que o aprendiz
modifique ideias anteriores sobre os conteúdos.
1996 foi
aprovada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9.394/96, a qual
estabelece, no parágrafo 2º do seu artigo 1º, “que a educação escolar deverá
vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social”. A LDB em seu artigo 26
estabelece que “os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base
nacional comum, a ser complementada pelos demais conteúdos curriculares
especificados nesta Lei e em cada sistema de ensino”. A formação básica do
cidadão na escola fundamental exige o pleno domínio da leitura, da escrita e do
cálculo, a compreensão do ambiente material e social, do sistema político, da
tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; esse
aprendizado inclui a formação ética, a autonomia intelectual e compreensão dos
fundamentos científicos tecnológicos dos processos produtivos.
2001
Convênio entre as Academias de Ciências do Brasil e da França implementa o
programa ABC na Educação Científica - Mão na Massa para formar professores na
metodologia investigativa.
2007 O
Ministério da Educação, através do Decreto nº. 6. 095, de 24 de abril de 2007,
autorizou a criação dos Institutos de Ciência e Tecnologia, com praticamente
todas as prerrogativas e a autonomia de uma universidade dedicada
exclusivamente à formação técnica e tecnológica e ao ensino de ciências. A
ideia é que os atuais Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) se
transformem em Institutos Federais de Ciência e Tecnologia, concentrando metade
do orçamento em Educação Básica profissionalizante e a outra metade no ensino
superior tecnológico. Neste caso, 20% serão destinados a cursos de licenciatura
em ciências, física, química e matemática. Além disso, terão a obrigação de
apoiar a rede pública de ensino básico na formação de professores.
Em 2015, o
PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), aplicado pela OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) terá ênfase na área
de ciências, pois essa é a matéria que os alunos brasileiros estão mais
defasados em relação aos outros países. O Brasil ficou em 59º lugar entre 65
países no exame de ciências segundo dados do PISA/2012, pois 53,3 % dos alunos
brasileiros nos exame de ciências (PISA/2012) alcançaram apenas o nível 1(sendo
nível máximo 6) de conhecimentos. Ou seja, são capazes de aplicar o que sabem
apenas a poucas situações de seu cotidiano e dar explicações científicas que
são explícitas em relação às evidências.
Os objetivos
maiores do ensino de Ciências, deve incluir a aquisição do conhecimento
científico por uma população que compreenda e valorize a Ciência como
empreendimento social. Os alunos não serão adequadamente formados se não
correlacionarem as disciplinas escolares com a atividade científica e
tecnológica e os problemas sociais contemporâneos.
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