Descrição da doença
O Zika virus (ZIKAV) é um RNA vírus, do gênero Flavivírus, família
Flaviviridae. Até o momento, são conhecidas e descritas duas linhagens
do vírus: uma Africana e outra Asiática.
O principal modo de transmissão descrito do vírus é por vetores. No
entanto, está descrito na literatura científica, a ocorrência de
transmissão ocupacional em laboratório de pesquisa, perinatal e sexual,
além da possibilidade de transmissão transfusional.
A febre por vírus Zika é descrita como uma doença febril aguda,
autolimitada, com duração de 3-7 dias, geralmente sem complicações
graves e não há registro de mortes. A taxa de hospitalização é
potencialmente baixa.
Segundo a literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não
desenvolvem manifestações clínicas, porém quando presentes a doença se
caracteriza pelo surgimento do exantema maculopapular pruriginoso, febre
intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido,
artralgia, mialgia e dor de cabeça e menos frequentemente, edema, dor de
garganta, tosse, vômitos e haematospermia.. No entanto, a artralgia
pode persistir por aproximadamente um mês.
Recentemente, foi observada uma possível correlação entre a infecção
ZIKAV e a ocorrência de síndrome de Guillain-Barré (SGB) em locais com
circulação simultânea do vírus da dengue, porém não confirmada a
correlação.
Evento de saúde pública relacionado aos casos de Febre do Zika
Até 12 de agosto, foram confirmados laboratorialmente casos de Febre
do Zika nos Estados da Bahia, Rio Grande do Norte, São Paulo, Alagoas,
Pará, Roraima, Rio de Janeiro, Maranhão, Pernambuco, Ceará, Paraíba,
Paraná e Piauí. O Ministério da Saúde está monitorando a circulação do
vírus por meio da vigilância sentinela, incorporada pelos Estados e Municípios.
A vigilância sentinela envolve um número limitado de serviços
selecionados para registro das informações. É utilizada para doenças
comuns, nas quais a contagem de todos os casos não é importante e as
medidas de controle não precisam de informações de casos individuais.
Isso ocorre sempre que o processo decisão-ação não necessita de
informações sobre a totalidade dos casos (notificação universal) para o
desencadeamento das atividades de intervenção, como é o caso do Zika
Vírus.
Orientamos que os casos confirmados de Zika vírus devem ser
comunicados/notificados em até 24 horas, conforme Portaria MS nº 1.271,
de 6 de junho de 2014. Reforça-se que a notificação realizada pelos
meios de comunicação não isenta o profissional ou serviço de saúde de
realizar o registro dessa notificação nos instrumentos estabelecidos,
utilizando a Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde – CID A92.8 (acesso a cópia da ficha
de notificação/conclusão individual: http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/novo/Documentos/SinanNet/fichas/Ficha_conclusao.pdf).
A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS)
vem recebendo notificações de casos com manifestações neurológicas e
histórico de doença exantemática prévia. Esses achados estão sendo
reportados em regiões com evidência de cocirculação dos vírus zika,
dengue e/ou chikungunya, em especial nos Estados do nordeste.
A ocorrência de síndromes neurológicas após processos infeciosos pelo
vírus da dengue e chikungunya está descrita desde a década de 1960, e
com o Zika vírus desde 2007, especialmente após os surtos ocorridos na
região da Micronésia e Polinésia Francesa. Dentre as manifestações
neurológicas, é sabido que a síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma das
mais frequentes.
A SGB é uma manifestação autoimune tardia que pode ser desencadeada
por processos infecciosos ou não infecciosos. Apesar da maior parte das
manifestações (2/3 dos pacientes) estar relacionada a processos
infecciosos, isso não significa que seja exclusivamente por infecção
relacionada à dengue, zika ou chikungunya.
Entre janeiro e julho de 2015, alguns estados da região Nordeste
notificaram à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS) a ocorrência de
121 casos de manifestações neurológicas e Síndrome de Guillain-Barré
com histórico de doença exantemática prévia. Investigações estão sendo
conduzidas pelo Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde de Estados e
Municípios da região e outras instituições, como o Instituo Evandro
Chagas (IEC/SVS/MS) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/MS), para subsidiar
os Estados e Municípios com orientações amparadas em evidências mais
robustas.
O que é a febre por Vírus Zika?
É uma doença viral aguda, transmitida principalmente por mosquitos, tais como Aedes aegypti,
caracterizada por exantema maculopapular pruriginoso, febre
intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido,
artralgia, mialgia e dor de cabeça. Apresenta evolução benigna e os
sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3-7 dias.
Qual a distribuição dessa doença?
O vírus Zika foi isolado pela primeira vez em primatas não humanos em
Uganda, na floresta Zika em 1947, por esse motivo esta denominação.
Entre 1951 a 2013, evidências sorológicas em humanos foram notificadas
em países da África (Uganda, Tanzânia, Egito, República da África
Central, Serra Leoa e Gabão), Ásia (Índia, Malásia, Filipinas,
Tailândia, Vietnã e Indonésia) e Oceania (Micronésia e Polinésia
Francesa).
Nas Américas, o Zika Vírus somente foi identificado na Ilha de
Páscoa, território do Chile no oceano Pacífico, 3.500 km do continente
no início de 2014.
O Zika Vírus é considerado endêmico no Leste e Oeste do continente
Africano. Evidências sorológicas em humanos sugerem que a partir do ano
de 1966 o vírus tenha se disseminado para o continente asiático.
Atualmente há registro de circulação esporádica na África (Nigéria,
Tanzânia, Egito, África Central, Serra Leoa, Gabão, Senegal, Costa do
Marfim, Camarões, Etiópia, Quénia, Somália e Burkina Faso) e Ásia
(Malásia, Índia, Paquistão, Filipinas, Tailândia, Vietnã, Camboja,
Índia, Indonésia) e Oceania (Micronésia, Polinésia Francesa, Nova
Caledônia/França e Ilhas Cook).
Casos importados de Zika virus foram descritos no Canadá, Alemanha,
Itália, Japão, Estados Unidos e Austrália (12) Adicionar Ilha de
Páscoa.
Como é transmitida?
O principal modo de transmissão descrito do vírus é por vetores. No
entanto, está descrito na literatura científica, a ocorrência de
transmissão ocupacional em laboratório de pesquisa, perinatal e sexual,
além da possibilidade de transmissão transfusional.
Quais são os principais sinais e sintomas?
Segundo a literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não
desenvolvem manifestações clínicas, porém quando presentes são
caracterizadas por exantema maculopapular pruriginoso, febre
intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido,
artralgia, mialgia e dor de cabeça e menos frequentemente, edema, dor de
garganta, tosse, vômitos e haematospermia. Apresenta evolução benigna e
os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No
entanto, a artralgia pode persistir por aproximadamente um mês.
Recentemente, foi observada uma possível correlação entre a infecção
ZIKAV e a ocorrência de síndrome de Guillain-Barré (SGB) em locais com
circulação simultânea do vírus da dengue, porém não confirmada a
correlação.
Qual o prognóstico?
Em suma, vem sendo considerada uma doença benigna, na qual nenhuma
morte foi relatada e autolimitada, com os sinais e sintomas durando, em
geral, de 3 a 7 dias. Não vê sendo descritas formas crônicas da doença.
Há tratamento ou vacina contra o Zika vírus?
Não existe O tratamento específico. O tratamento dos casos
sintomáticos recomendado é baseado no uso de acetaminofeno (paracetamol)
ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de
erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. No
entanto, é desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e
outros drogas anti-inflamatórias em função do devido ao risco aumentado
de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por síndrome
hemorrágica como ocorre com outros flavivírus.
Não há vacina contra o Zika vírus.
A SVS/MS informa que mesmo após a identificação do Zika Vírus no
país, há regiões com ocorrência de casos de dengue e chikungunya, que,
por apresentarem quadro clínico semelhante, não permitem afirmar que os
casos de síndrome exantemática identificados sejam relacionados
exclusivamente a um único agente etiológico.
Assim, independentemente da confirmação das amostras para ZIKAV, é
importante que os profissionais de saúde se mantenham atentos frente aos
casos suspeitos de dengue nas unidades de saúde e adotem as
recomendações para manejo clínico conforme o preconizado no protocolo
vigente, na medida em que esse agravo apresenta elevado potencial de
complicações e demanda medidas clínicas específicas, incluindo-se a
classificação de risco, hidratação e monitoramento.
Como evitar e quais as medidas de prevenção e controle?
As medidas de prevenção e controle são semelhantes às da dengue e
chikungunya. Não existem medidas de controle específicas direcionadas ao
homem, uma vez que não se dispõe de nenhuma vacina ou drogas
antivirais.
Prevenção domiciliar
Deve-se reduzir a densidade vetorial, por meio da eliminação da
possibilidade de contato entre mosquitos e água armazenada em qualquer
tipo de depósito, impedindo o acesso das fêmeas grávidas por intermédio
do uso de telas/capas ou mantendo-se os reservatórios ou qualquer local
que possa acumular água, totalmente cobertos. Em caso de alerta ou de
elevado risco de transmissão, a proteção individual por meio do uso de
repelentes deve ser implementada pelos habitantes.
Individualmente, pode-se utilizar roupas que minimizem a exposição da
pele durante o dia quando os mosquitos são mais ativos podem
proporcionar alguma proteção contra as picadas dos mosquitos e podem ser
adotadas principalmente durante surtos, além do uso repelentes na pele
exposta ou nas roupas.
Prevenção na comunidade
Na comunidade deve-se basear nos métodos realizados para o controle
da dengue, utilizando-se estratégias eficazes para reduzir a densidade
de mosquitos vetores. Um programa de controle da dengue em pleno
funcionamento irá reduzir a probabilidade de um ser humano virêmico
servir como fonte de alimentação sanguínea, e de infecção para Ae.
aegypti e Ae. albopictus, levando à transmissão secundária e a um
possível estabelecimento do vírus nas Américas.
Os programas de controle da dengue para o Ae. aegypti,
tradicionalmente, têm sido voltados para o controle de mosquitos
imaturos, muitas vezes por meio de participação da comunidade em manejo
ambiental e redução de criadouros.
Procedimentos de controle de vetores
As orientações da OMS e do Ministério da Saúde do Brasil para a
dengue fornecem informações sobre os principais métodos de controle de
vetores e devem ser consultadas para estabelecer ou melhorar programas
existentes. O programa deve ser gerenciado por profissionais
experientes, como biólogos com conhecimento em controle vetorial, para
garantir que ele use recomendações de pesticidas atuais e eficazes,
incorpore novos e adequados métodos de controle de vetores segundo a
situação epidemiológica e inclua testes de resistência dos mosquitos aos
inseticidas.
Como denunciar os focos do mosquito?
As ações de controle são semelhantes aos da dengue, portanto voltadas
principalmente na esfera municipal. Quando o foco do mosquito é
detectado, e não pode ser eliminado pelos moradores de um determinado
local, a Secretaria Municipal de Saúde deve ser acionada.
O que fazer se estiver com os sintomas de febre por Vírus Zika?
Procurar o serviço de saúde mais próximo para receber orientações.
Em caso de dúvida, entre em contato com a Vigilância Epidemiológica das Secretarias Estaduais ou Municipais de Saúde.
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