sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Uso compulsivo do álcool e o gene LRRK2





Uma grande pesquisa, liderada pela professora Ana Lúcia Brunialti, do laboratório de












Genética Animal e Humana do ICB, identificou o gene leucine-rich repeat kinase 2 (LRRK2) como responsável pelo comportamento de consumo compulsivo de álcool e sem controle. Até então relacionado à doença de Parkinson familiar, esse gene também passa a ser uma nova via biológica para a abordagem do alcoolismo.
Com o objetivo de tentar elucidar os fatores genéticos que podem predispor ou contribuir para o desenvolvimento do comportamento de consumo compulsivo e sem controle do álcool, a equipe de cientistas do ICB analisou frações do DNA de rato, o transcriptoma estriatal, usando um modelo de consumo crônico e por livre escolha do animal. Mesmo a água estando com sabor desagradável um grupo deles continuou a bebê-la.
“Nós identificamos uma quantidade muito maior do gene LRRK2 nos indivíduos que perderam o controle sobre o álcool”, explica a pesquisadora. Segundo ela, mesmo em condições negativas os animais não eram capazes de parar sozinhos. O processo é semelhante ao que acontece com seres humanos, mas ainda é cedo para se fazer testes em pessoas, o que faz parte da pesquisa maior.
Segundo o biólogo Daniel Almeida da Silva e Silva, principal autor do estudo, a análise do transcriptoma cerebral permite que sejam estabelecidas correlações entre as alterações genéticas e os diferentes padrões de consumo de etanol exibidos pelos animais nesse modelo de estudo.
“O levantamento de genes candidatos envolvidos se revela de extrema importância, pois o conhecimento gerado pode ser aplicado em estudos posteriores que venham a identificar os marcadores biológicos para o diagnóstico do alcoolismo ou alvos para o desenvolvimento de fármacos para o tratamento do alcoolismo”, avalia.
O Boletim da UFMG desta semana (Clique para ler na Edição 1951) traz uma grande reportagem de Hugo Rafael, sobre a pesquisa.
Alcoolismo
Nos últimos 20 anos, essa desordem passou de oitavo para quinto principal fator de risco para a mortalidade precoce e incapacidade na população mundial, sendo responsável por 2,5 milhões de mortes em todo o mundo no ano de 2010. Clinicamente, o consumo ocasional e controlado de uma droga psicotrópica é distinto do seu uso escalonado e sem controle.
Segundo Ana Lúcia Brunialti, o álcool é uma das poucas drogas que, apesar de alterar as funções do cérebro e de seu potencial para levar o indivíduo ao abuso ou dependência, tem seu consumo admitido e até incentivado. A progressão do uso controlado à adição é influenciada por muitos fatores, entre eles, a droga por si, fatores psicológicos, influências ambientais e fatores genéticos.
A principal característica do alcoolismo, ou “Desordem no uso de álcool”, como dizem os especialistas, é o consumo excessivo e descontrolado de bebidas álcoolicas, mesmo considerando as consequências legais, econômicas ou sociais a que esse abuso pode levar.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Ensino Superior x PEC 241

Por ASCOM/Andifes
A Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) sediou no dia 28 de julho, em Cuiabá, a reunião do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES). O encontro dos reitores contou com um amplo debate sobre o orçamento destas instituições e outros encaminhamentos. Na ocasião, o colegiado elaborou um documento, que defende a importância de um sistema federal de ensino superior público, gratuito, autônomo e de qualidade para a construção de uma sociedade mais igualitária, desenvolvida e democrática.
O texto também aponta o risco de redução que a PEC 241 poderá trazer aos investimentos públicos em educação. “Sem o adequado financiamento, as metas previstas no PNE não serão alcançadas, desviando o País do caminho do desenvolvimento econômico e da inclusão social”.
ORÇAMENTO
O reitor Orlando Amaral (UFG), que esteve, recentemente, com o secretário de Educação Superior (SESu/MEC), Paulo Barone, para buscar uma definição acerca dos limites orçamentários para o ano seguinte, iniciou a mesa de debates. Na ocasião, Orlando disse que o ministério da Educação (MEC) estava pleiteando um ajuste de 9,32% para o orçamento de 2017, além de um aumento do valor do percentual de crescimento do sistema de medição de alunos equivalentes e de um recurso adicional para as obras, mas que a perspectiva do ministério do Planejamento é de um orçamento menor do que 2016. “Temos um cenário muito preocupante em relação ao orçamento 2017.As perspectivas não são nada otimistas. É uma incerteza muito grande com um viés negativo”, disse.
Divulgação ANDIFESDivulgação ANDIFES
Em relação à ampliação dos limites de 2016, o reitor da UFG adiantou que a ANDIFES não teve nenhuma sinalização sobre o incremento destes limites, conforme anunciado pelo ministro Mendonça Filho, durante a reunião mensal do mês de junho do Conselho Pleno, de que aumentaria os limites de custeio, dos atuais 80% para 100%, e dos atuais 40% de capital para 70%.
NOVAS CONTRATAÇÕES
A previsão de que não haverá novos concursos em 2017, segundo o que consta o projeto de lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), também foi uma preocupação discutida pelos reitores, que contou com a presença da assessora Justina Fiori (representante do senador Wellington Fagundes). Segundo a presidente da Andifes, reitora Maria Lucia Cavalli Neder (UFMT) a não-realização de concursos vai paralisar as universidades. “Se isso acontecer, as universidades sofrerão um colapso, principalmente os campi novos e os cursos recentemente implantados, como os de Medicina e Engenharia. Não contratar professores, é fechar cursos”, destacou a dirigente.
Divulgação ANDIFESDivulgação ANDIFES
Para o secretário-executivo da ANDIFES, Gustavo Balduino todos os dirigentes poderiam se mobilizar com os parlamentares de seus estados, a respeito da votação da LDO no próximo dia 02 de agosto. “Temos que usar a nossa relação com o parlamento, para que não proíbam a contratação de novos servidores no ano que vem. A expansão é fundamental e o orçamento tem que refletir isso. A prioridade desse país deve ser em saúde e educação”, defendeu.
De acordo com o reitor Paulo Márcio (UNIFAL) é muito importante que as universidades possam continuar fazendo a sua renovação de quadros, uma vez que elas não significam aumento de gastos, já que seguem as diretrizes do ministério do Planejamento.
PERFIL DISCENTE
Foi lançado durante a reunião do Pleno, a quarta versão do relatório “Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais Brasileiras”. A pesquisa feita foi feita pela ANDIFES, por meio do Fonaprace e tem o objetivo de mapear a vida social, econômica e acadêmica dos estudantes de graduação presencial das universidades federais brasileiras.
Divulgação ANDIFESDivulgação ANDIFES
Para o coordenador do Fonaprace, o pró-reitor Leonardo Barbosa, mais do que servir ao Fórum, esta é uma pesquisa que serve ao País. “Quem deve incorporar, realizar, pensar e executar esta pesquisa é o MEC, o governo federal, e não apenas a ANDIFES. Isso é estratégico e o MEC não pode elaborar políticas públicas sem um diagnóstico” enfatizou.
“Os dados são muito oportunos diante dessa conjuntura. Eles foram colhidos no final do ano de 2014 e é a continuidade da primeira pesquisa, realizada em 1996 e 1997, quando percebemos que havia um discurso muito forte de que as universidades eram um espaço privilegiado para a elite do País”, destacou.
Hoje, segundo a pesquisa, houve um efeito explosivo das cotas sobre o ingresso dos mais vulneráveis, ou seja, houve um crescimento do público alvo do PNAES em 50%. “Hoje se institucionalizassem o pagamento das nossas universidades, nós perderíamos dois terços dos nossos alunos”, completou Leonardo Barbosa.
Leia abaixo, na íntegra o documento ‘Educação de qualidade, gratuidade e inclusão’.

Educação de qualidade, gratuidade e inclusão

Os reitores das universidades federais brasileiras, reunidos em Cuiabá, em 28 de julho de 2016, durante a CLIII reunião do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), vêm a público se manifestar em defesa do sistema federal de ensino superior público, gratuito, autônomo e de qualidade!
A ANDIFES acredita firmemente que o conjunto das universidades federais constitui um patrimônio de valor imensurável para o povo brasileiro, pois congrega o que há de melhor na educação superior brasileira. Avaliações internacionais posicionam várias universidades públicas com destaque entre as melhores da América Latina. Portanto, a formação de recursos humanos qualificados e a produção de conhecimento técnico-científico, essenciais ao desenvolvimento do país, dependem, em grande parte, do funcionamento adequado dessas instituições.
Neste momento, as universidades públicas vivem um processo de expansão que não pode ser interrompido; ao contrário, precisa ser consolidado e continuado. Mesmo com o formidável crescimento dos últimos anos, o país ainda oferece aos seus jovens menos de 30% de vagas no ensino superior público, ficando o ensino privado com a grande maioria das vagas ofertadas. Reconhecendo que o ensino privado é necessário, dada a demanda por formação superior no país, é inquestionável que a referência de qualidade do ensino e das pesquisas desenvolvidas, qualquer que seja a ferramenta de avaliação, está associada, essencialmente, às universidades públicas.
Deve-se considerar ainda que a expansão foi acompanhada por políticas públicas que permitiram a interiorização das universidades federais e a ampliação do acesso, com a utilização de um sistema nacional de seleção (ENEM/SISu) e com a adoção das políticas de ações afirmativas. Deste modo é erro grave afirmar, hoje, que a universidade pública está acessível apenas a camadas economicamente mais privilegiadas. Estudo recente da ANDIFES aponta que 66,19% dos alunos matriculados tem origem em famílias com renda média até 1,5 salários. Se consideradas apenas as regiões Norte e Nordeste, esse percentual atinge 76,09% e 76,66%, respectivamente.
Dispositivos encaminhados pelo executivo (PEC 241 e a PLP 257), que se encontram em debate no Congresso Nacional, indicam forte redução dos investimentos públicos em educação. Em especial a PEC 241, que institui o Novo Regime Fiscal e torna possível aos governos nas diferentes esferas não cumprirem com os pisos constitucionais de gastos com a educação, representa séria ameaça ao Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado por unanimidade pelo próprio Congresso Nacional. Em suma, sem o adequado financiamento, as metas previstas no PNE não serão alcançadas, desviando o País do caminho do desenvolvimento econômico e da inclusão social.
Certamente a ANDIFES compreende e quer contribuir na busca de soluções para o enfrentamento da crise econômica que afeta o país. Contudo, divergindo das propostas elencadas até o momento, a ANDIFES advoga que é precisamente em cenário de crise que se devem eleger as prioridades que possam acelerar a retirada do país do ciclo recessivo. Dentre estas, deve estar a ampliação e não a redução dos gastos em Educação e em Ciência e Tecnologia, pois este tem sido o caminho adotado por todos os países, que alcançaram níveis satisfatórios de desenvolvimento econômico e social.
As universidades públicas já provaram seu potencial para contribuir com a construção de uma sociedade em que se harmonizem democracia, desenvolvimento econômico, riqueza cultural e o cultivo da paz e da solidariedade entre as pessoas que a constituem em sua diversidade. É esta missão que continuaremos realizando, garantido o exercício dos princípios constitucionais de autonomia universitária, liberdade de expressão e de opinião.
Por essas razões, conclamamos todos para a defesa da Universidade Pública, patrimônio nacional. Ao invés de saídas unilaterais, desejamos o debate com toda a sociedade, queremos a participação das instituições públicas nos espaços de decisão e de controle das políticas educacionais, planejando e expandindo nossas universidades com orçamento e recursos humanos adequados.
Esta tarefa coletiva se faz com educação pública, com financiamento público, com inclusão social e com respeito às políticas públicas definidas pela população. Do nível fundamental ao superior, a educação é um direito de todos e dever do Estado. Investir nesse direito é investir no bem e no futuro de toda a sociedade brasileira.

          http://www.andifes.org.br/ 

sábado, 13 de agosto de 2016

ESCOLA LAICA




Dentro de uma democracia se discute todos os assuntos e a escola só é escola quando a crítica e a liberdade de expressão estão presentes,caso contrário é censura. Uma escola na democracia também é herança cultural e simbólica - os costumes,informações e conhecimentos são oferecidos a comunidade de maneira plural.Ela deve caminhar junto à família a qual precisa discutir também a moral e a ética juntos aos seus filhos e vem dai a visão de leitura do mundo por parte deles.  

A pluralidade de idéias na formação do cidadão é de fundamental importância e lógico, respeitando as singularidades. 

Entendemos que profissionais educadores éticos nunca fazem uso de obras, salas de aula e outros materiais didáticos para adesão dos estudantes a determinadas correntes políticas e ideológicas e sim um ensino que seja compatível também com os valores que seus familiares (apesar de distante do meio escolar) devem lhes ensinar para à vida.

Censura a liberdade de expressão é prática ilícita, violadora da liberdade de direitos e lógico de exposição do pensamento e da prática cidadã.A escola existe para ensinar, mediar conhecimentos e também educar... 

domingo, 5 de junho de 2016

Dia Mundial do Meio Ambiente





Desafios ambientais em nosso pais:

Taxa anual do desmatamento da amazônia em 2014 é de  5.891 km²

O Brasil ocupa a primeira posição no ranking mundial de desmatamento de florestas tropicais( 90% de maneira ilegal), segundo levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A falta de fiscalização e a impunidade fazem esse índice aumentar.


Emissão de dióxido de carbono no Brasil em 2012, segundo o Min.Meio Ambiente - 1,2 bilhões de toneladas

Hoje, o Brasil está em sexto lugar no ranking de países emissores de gases poluentes.Em 2005,a emissão de CO2 chegou a 2 bilhões de toneladas. No último encontro da cúpula sobre desenvolvimento, ocorrido na ONU, a presidente afastada disse que o país vai diminuir a emissão de gases poluentes em 43% até 2013.Sendo que o ano referência é 2005.


0 115º , é a posição do Brasil no ranking de países que que melhor preservam as florestas

Um estudo feito pelas Universidades americanas de Yale e Columbia em 2014 ressalta a dificuldade de fiscalização do governo brasileiro contra o desmatamento ilegal.

38 milhões de animais retirados do habitat natural no Brasil para serem comercializados ilegamente

Segundo a rede nacional de combate ao tráfico de animais silvestres, esse tipo de ilícito movimenta em torno de USS 2 Bilhões por ano no Brasil.Devido a biodiversidade e a frágil fiscalização o nosso país é alvo de criminosos. Esse tipo de comércio movimenta cerca de USS 20 Bilhões anualmente no mundo.

Extração de madeira de maneira ilegal representa cerca de 90%  no mundo 

A extração ilegal de madeira movimenta cerca de USS 100 bilhões ao ano.A ONU calcula que em alguns países a extração e venda representa cerca de 90% do total comercializado.






São esses e outros desafios que nosso país precisar enfrentar e resolver com leis mais rígidas, educação e consciência ambiental.  

  
http://pre.univesp.br/extracao-ilegal-de-madeira#.V1ROgpErLIU


http://www.terracap.df.gov.br/


https://nacoesunidas.org/


sexta-feira, 3 de junho de 2016

CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


Ciência no Brasil está desprestigiada, diz ex-ministro Rezende


A fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o Ministério das Comunicações é símbolo de um desprestígio, que enfraquece a ciência brasileira e compromete o desenvolvimento do país, segundo o físico e ex-ministroSérgio Rezende, da Universidade Federal de Pernambuco. A economia da fusão é mínima, argumenta ele, enquanto que os prejuízos são enormes — tanto do ponto de vista prático quanto simbólico.
“Não vai contribuir para o governo ficar mais ágil, mas vai contribuir para a ciência e tecnologia perderem importância”, afirma Rezende, que foi o ministro mais longevo da história do MCTI. Ele comandou a pasta por cinco anos e meio (de julho de 2005 a dezembro de 2010), durante o governo Lula. Desde então, em cinco anos e meio de governo Dilma, seis pessoas sentaram na mesma cadeira — agora ocupada por Gilberto Kassab. Um troca-troca que, segundo Rezende, contribuiu para o cenário de instabilidade e desestímulo que o setor vive atualmente.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista, concedida ontem (1/6) ao Estado.
Qual é a opinião do senhor sobre a fusão do MCTI com o Ministério das Comunicações?
Do ponto de vista da economia, é um ganho muito pequeno, porque o número de cargos extintos no processo é muito pequeno. É mais simbólico, para passar uma ideia de que a máquina diminuiu. Mas justamente por ser simbólico é que é ruim para a ciência no Brasil, porque nossa ciência é muito nova.
Algumas pessoas argumentam que os Estados Unidos não têm ministério de ciência; só que os EUA têm uma Universidade Harvard criada em 1636; têm doutorado desde o século 19; têm inovação embutida na sua cultura. Essa ideia de que é preciso fazer inovação para ser competitivo está embutida no DNA das empresas americanas. No Brasil não tem nada disso. Nossa pós-graduação foi institucionalizada há 50 anos; nossas empresas não têm tradição de fazer pesquisa ou inovação. E as demandas da área de Comunicação são muito grandes.
Então, a economia é irrisória; praticamente nula. E para a ciência é ruim, porque mostra mais uma vez que ciência, tecnologia e inovação não são prioritárias.
Não tenho dúvida das boas intenções do ministro Kassab; aliás, nós já tivemos alguns ministros políticos que foram bons — o primeiro foi Renato Archer, e outro foi o Eduardo Campos. Então, o Kassab pode ser um bom ministro, porque ele é um bom político, um bom administrador. Mas ele vai ter que dividir o tempo dele, e talvez ele coloque mais tempo nas Comunicações do que na Ciência e Tecnologia. É natural, porque as demandas da Comunicação são muito grandes.
Na prática, quais serão as consequências disso nas universidades e institutos de pesquisa?
O que vai acontecer é que vai haver desperdício de esforços. As pessoas vão botar esforço em protestar e tentar reverter essa situação, quando deveriam estar fazendo educação e produzindo ciência. Nos últimos dois anos o orçamento de Ciência e Tecnologia caiu muito; vários programas foram interrompidos, congelados, e não acredito que vai haver melhora, porque a situação econômica é ruim e a ciência está desprestigiada.
Cada troca de ministro significa uma descontinuidade de programas; então a coisa já não vinha bem, e a tendência é piorar”







Isso já vinha ocorrendo no governo Dilma?
Em cinco anos e meio de governo Dilma tivemos seis ministros de Ciência e Tecnologia. Quando eu fui ministro, fiquei cinco anos e meio no cargo. Cada troca de ministro significa uma descontinuidade de programas; então a coisa já não vinha bem, e a tendência é piorar.
E olha, não é por falta de recursos, não. Esse ano o MCTI vai ter um orçamento entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. O que o governo federal está pagando pelos juros da dívida esse ano são R$ 540 bilhões. Comparativamente, é uma ninharia. O Brasil não é um país pobre, mas é um país que usa mal os seus recursos. Dinheiro tem, mas a política é tal que a Ciência e Tecnologia não tem prioridade.
É um desastre no Brasil a falta de continuidade dos programas — mesmo quando é um governo de continuidade do anterior. Nós tínhamos vários programas bem sucedidos na gestão Lula que foram descontinuados no governo Dilma.
Por exemplo?
A Lei de Inovação e a Lei do Bem, que foram feitas há 10 anos. A da Inovação estimula a interação universidade-empresa; e a do Bem tem incentivos fiscais para as empresas, permitindo que elas abatam do Imposto de Renda o que investirem em inovação.
No ano passado a Lei do Bem foi suspensa, porque o governo precisava arrecadar mais. Isso é dar um tiro no pé! Quando você não investe em ciência, tecnologia e inovação, você está comprometendo o futuro.
Então as empresas receberam esse recado: Não precisa investir, não, que nós estamos mais interessados em arrecadar a curto prazo. E para quê? Em grande parte, para pagar os juros da dívida; esse juro maluco que a gente tem no Brasil.
O que se economiza cortando em Ciência e Tecnologia é uma ninharia, e está comprometendo o futuro”







Um argumento comum é que cortaram do MCTI, mas também cortaram dos outros ministérios. Então todo mundo saiu perdendo; e a culpa é da crise.
Só que se você usar os números absolutos, vai ver que cortar um mesmo porcentual da Educação e da Ciência e Tecnologia representa uma perda muito maior para a Ciência e Tecnologia, porque o orçamento do MCTI é dez vezes menor que o da Educação. O que se economiza cortando em Ciência e Tecnologia é uma ninharia, e está comprometendo o futuro.
Qual é o impacto a longo prazo de uma crise como essa na ciência, mesmo que ela seja passageira?
Nós já vivemos duas épocas muito difíceis, que foi o final do governo Sarney e todo o governo Collor, e o primeiro mandato do Fernando Henrique Cardoso. Foram dois períodos em que os orçamentos caíram muito e as pessoas não tinha recursos para botar nos laboratórios. E nós estamos entrando nesse período (de novo).
O resultado é que jovens pesquisadores resolvem ir para fora do Brasil, porque aqui não há condições adequadas. Em algumas situações, até pesquisadores mais experientes (como a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que recentemente trocou o Brasil pelos EUA). Isso é muito ruim.
Tanto a Finep quanto o CNPq estão com seus orçamentos totalmente estrangulados”





Os exemplos e o ambiente contaminam as pessoas. O ambiente de desânimo que estamos vivendo agora compromete o futuro, porque as pessoas desanimam do Brasil e vão embora; e menos pessoas procuram essas carreiras acadêmicas e científicas.
Dentro das limitações atuais, políticas e orçamentárias, quais seriam as medidas mais importantes para a ciência brasileira sobreviver a esse período de crise?
Se for confirmado que o ministro Kassab vai manter os dirigentes da Finep e do CNPq, isso é uma boa coisa. Mas tem de conseguir recursos para eles atuarem. Tanto a Finep quanto o CNPq estão com seus orçamentos totalmente estrangulados.
De onde tirar esse dinheiro?
Tem R$ 540 bilhões de juros da dívida! É só baixar a taxa Selic que vai sobrar dinheiro!
Quais foram os erros e acertos do governo Dilma?
O grande problema em Ciência e Tecnologia foi ter uma troca muito frequente de ministros, e os cortes orçamentários. Os orçamentos foram cortados desde 2011, e os ministros foram trocados a cada ano. Não é possível ter continuidade com tanta troca e pouco dinheiro.
Do governo Lula para o governo Dilma a mudança foi muito grande, em muitos aspectos. Mas isso não justifica o golpe. Para mim, é um golpe, uma conspiração. O governo dela estava muito ruim, mas ela foi eleita. Vamos ver agora o que vai acontecer.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Nível educacional x homicídios

Estudante faz prova do Enem



São Paulo – Destinar mais recursos para a educação é caminho certo para a redução da taxa de homicídios. Pelo menos é o que diz a análise do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) divulgada recentemente. 
De acordo com o Ipea, para cada 1% a mais de jovens entre 15 e 17 anos nas escolas, há uma redução de 2% na taxa de pessoas assassinadas nos municípios brasileiros.
"Segundo as nossas estimativas, a probabilidade de um indivíduo com até sete anos de estudo ser assassinado no Brasil é 15,9 vezes maior de outro indivíduo que tenha ingressado na universidade, o que mostra que a educação é um verdadeiro escudo contra os homicídios no Brasil", afirma o responsável pelo estudo,  Daniel Cerqueira, doutor em economia pela PUC-Rio e técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea.
Cerqueira afirma que a melhora na qualidade dos serviços educacionais pode evitar que estudantes já matriculados abandonem a escola. Por consequência, isso reduz a necessidade do jovem se envolver em crimes.
“Com muitas portas fechadas, na família, no convívio social, na escola e no mercado de trabalho, a única porta aberta será o mercado do crime, com a possibilidade de retornos financeiros e simbólicos rápidos”, diz a nota técnica do Ipea. “Nesse momento, o crime sempre valerá a pena”.
No entanto, apesar do Brasil ser uma das nações que mais direcionam recursos para a educação, o país ainda patina quando se leva em conta o gasto por aluno da educação básica. 
De acordo com o relatório Education at a Glance 2015 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil gastou cerca de 3,4 mil dólares anuais por cada aluno da rede de educação básica. Enquanto que a média global ultrapassa os 9,3 mil dólares por estudante dos anos iniciais. 
O técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea explica que o gasto público com educação básica, por aluno, é equivalente a 1/4 do valor investido no ensino superior. "Ou seja, o Estado gasta muito com educação, mas não é para o ensino básico e não é para os pobres", diz Cerqueira. 
"O que fazemos hoje é oferecer uma escola que não motiva, que não estimula e que não conquista as mentes e corações dos jovens. São verdadeiras linhas de produção que procuram incutir na memória das crianças e jovens um incrível conjunto de informações enciclopédicas, que não dizem nada e não reconhecem suas trajetórias individuais e sociais", afirma o especialista. 

sábado, 21 de maio de 2016

A Plataforma Educacional Brasileira...





A nova plataforma para a Educação poderá ter:

1) Base curricular unificada, com foco no "aprender a aprender"; 
2) Avaliação sistemática das escolas, baseada em metas definidas; 
3) Qualificação permanente dos professores; 
4) Bonificação por mérito para escolas e professores.

Dentro do novo contexto da plataforma para a educação. O atual governo vislumbra a implementação e sucesso das situações acima elencadas. Mais como enfrentar a politicagem e o corporativismo sindical?

O nosso atual modelo de educação( escola do século XIX)conspira contra o pobre e o filho do pobre que estuda.Sabemos que "escolares",crianças, e adolescentes são desorganizados em termos de cobrar ao sistema melhorias adequadas.No entanto, o despertar para conhecer o processo educacional em suas nuances já se espalha pelo nosso país.

Como docente sei o significado do processo e acredito que melhorias possam surgir neste nosso cenário de mundo. Serão a longo prazo e de muitas lutas. É preciso investimento e incentivo na formação continuada dos docentes,melhoria da infraestrutura escolar, uma nova pedagogia não linear, efetiva participação dos pais no processo, etc.

Base curricular unificada:
Em um pais com inúmeras diferenças culturais e regionais talvez seja desproporcional para nossa realidade, no mais uma base unificada reduzida a percentuais mínimos. O "aprender a aprender", já é habilidade necessária com base na sensação,percepção,simbolização e de conceituação desde a infância.

Avaliação sistemática das escolas, baseada em metas pré - definidas:  
Como avaliar uma escola com modelo do século XIX, no XXI ?

Primeiro é urgente melhorar a infraestrutura escolar como um todo( equipamentos adequados a faixa etária,salas refrigeradas para as regiões do pais que se faça necessário,notebooks para alunos e professores,quadros adequados para exposição de aulas- hoje o giz e/ou pincel,etc).Segundo, traçar uma nova linha pedagógica não linear e realmente implementá - la( sem falar, nas salas de aulas superlotadas e carga horária estressante).Terceiro, oportunizar a formação continuada dos profissionais que ali trabalham( hoje, para se liberar um docente para estudos continuados é uma verdadeira batalha).E o quarto item, sem sombra de dúvidas, é o pagamento de salários dignos para o docente que realmente estejam compromissado com o processo de ensino e aprendizagem. Acredito que desta maneira dar para se pensar em como avaliar a partir de uma realidade realmente constituída de condições mínimas de trabalho docente escolar.

Qualificação permanente dos professores:
Estados e municípios devem oportunizar essa qualificação( em suas redes de ensino).Oportunizar é possibilitar a saída do profissional da sala de aula para os estudos( mestrado,doutorado) e financiar por completo este momento crucial para a melhoria do seu trabalho docente e para a construção de novos saberes.

Bonificação por mérito para escolas e professores:
Que tipo de bonificação?
Não conheço nenhum pais, estado ou município que melhorou a sua educação de maneira significativa com "bonificações".Todas as nações que melhoraram, foi a custa de investimentos a longo prazo e reconhecimento profissional...Bonificações serve como moeda de troca e o processo educacional não cabe esta nuance.   
  

sábado, 14 de maio de 2016

DNA x Escolaridade

Consórcio internacional de pesquisadores encontra 74 variações no DNA associadas a uma maior escolaridade. O acréscimo, no entanto, parece ser pequeno, não passando de algumas semanas a mais de dedicação aos livros.



Foto - crianças escola, em, sala aula, em, lição. Fotosearch - Busca de Imagens Fotográficas, Impressões, e Fotos Clipart
















O bom desempenho escolar está associado a diversos fatores, como condições socioeconômicas do aluno, experiência do professor, recursos pedagógicos disponíveis, gosto pelos estudos, disciplina e relação da família com a escola, entre muitos outros. Nos últimos anos, mais um elemento começou a compor essa equação: a genética. Não sem críticas, alguns cientistas têm associado variantes de genes — a maior parte implicada com o desenvolvimento neuronal — à inteligência e à escolaridade média da população. Um desses pesquisadores é Daniel Benjamin, da Universidade do Sudeste da Califórnia. Ele compõe um grupo de investigadores que tentam aproximar as ciências médicas das sociais e, desde 2010, têm conduzido estudos nessa linha.

Na edição de ontem da revista Nature, Benjamin apresentou os dados numericamente mais robustos até agora para sustentar que existe uma influência genética na educação. Ele fez parte de um consórcio internacional de 253 cientistas dos Estados Unidos, da Austrália, da Dinamarca, da Estônia, da Islândia, da Holanda e da Suécia que analisaram o sequenciamento de 293.723 europeus de 15 países, cujos registros incluíam quantos anos passaram nos bancos escolares. O resultado apontou 74 variações genéticas associadas à escolaridade média. Boa parte desses genes têm relação com o desenvolvimento do tecido neural, principalmente durante o período pré-natal.

O biólogo ressalta que não está falando de um conjunto de genes da inteligência. Embora as aptidões cognitivas tenham componentes hereditários, há um criticismo geral no meio científico quando se propõe que uma ou outra variante seja responsável pelo brilhantismo do intelecto. O mesmo vale para as associações entre genética e médias de anos de estudo. Até porque, de acordo com Benjamin, para um quadro mais claro da influência do DNA na educação, seria preciso avaliar ao menos 1 milhão de sequenciamentos. Ainda assim, ele destaca que o achado do trabalho pode ser importante para políticas educacionais.





 

domingo, 8 de maio de 2016

Mãe

Mãe, exemplo de mulher,








Mãe, você é um exemplo de mulher: conselheira, amiga, companheira, exemplo de amor e persistência. Por isso é mais que merecido que exista um dia para te homenagear.
Quero aproveitar esse segundo domingo de maio para lembrar que eu te amo, e sobretudo, agradecer a Deus por ter me colocado em seu ventre. Obrigada por estar ao meu lado quando preciso chorar e por me fazer sorrir logo em seguida.
Você é a prova de que amor incondicional existe. Desculpe as minhas falhas e aceite as minhas palavras como celebração deste dia. Feliz Dia das Mães!

domingo, 1 de maio de 2016

Formação Universitária Docente

A escola privada no Brasil, em média, não é muito melhor do que a pública. E é fácil comprovar isso. Os 25% dos jovens da elite brasileira com as melhores notas no Pisa, exame internacional que avalia a qualidade de educação, têm piores notas se comparados aos 25% mais pobres da média dos 65 países participantes da amostra. No ranking, o Brasil fica em 58º lugar. Esse desempenho se deve, principalmente, à má formação dos professores – mas também a outros motivos, como a carga horária de aulas reduzida e a uma escola que não consegue desenvolver competências. Em entrevista à Gazeta do Povo, Cláudia Costin, diretora de Educação do Banco Mundial, explica como esse cenário poderia mudar.
Por que melhorar a formação do professor é um dos principais caminhos para uma educação de qualidade?



A Finlândia não tinha bons resultados educacionais há 40 anos e hoje é o país em primeiro lugar na avaliação internacional do Pisa. Alguns pensam que os educadores finlandeses alcançaram esse nível pelo perfil da sociedade, coesa e protestante. Não é verdade. Um dos principais motivos dessa mudança de patamar foi a transformação da universidade, o modo como eles preparam os professores, é isso que faz a diferença. Ainda não se inventou nada que se substitua um bom professor. Tanto na Finlândia, como na Coreia do Sul, outra nação que ascendeu em qualidade nos últimos anos, o salário dos professores é atraente e a seleção é rigorosa.
Quando você forma um médico, não o faz dando história da medicina, sociologia da medicina; pelo contrário, há uma relação com a prática muito grande. Com o professor, nós ensinamos muita teoria relevante, mas o colocamos em sala de aula sem uma prática importante como professor e o currículo tenha a preocupação com essa prática.





Qual é o problema da formação no Brasil?
Até o começo da década de 90, os professores eram formados no ensino médio. Depois, essa preparação foi para as universidades, o que significou um ganho na formação global do repertório do professor, mas perdemos algo importante nessa transição, o caráter profissionalizante.
Como assim?
A universidade brasileira forma professores pela teoria, enfatizando os fundamentos da educação, sociologia da educação, psicologia da educação, história da educação, mas não prepara o professor para uma profissão. Quando você forma um médico, não o faz dando história da medicina, sociologia da medicina; pelo contrário, há uma relação com a prática muito grande. Com o professor, nós ensinamos muita teoria relevante, mas o colocamos em sala de aula sem uma prática importante como professor e o currículo tenha a preocupação com isso. Essa questão é uma preocupação mundial, a maneira como preparamos o professor tem efeito direto nos alunos.
A solução então é melhorar a exigência da prática nas universidades?
Sim, e também agora, nos professores que já atuam nas escolas. A sala de aula não pode ser uma caixa preta. Há uma experiência interessante da professora Deborah Ball, da Universidade de Michigan, que é simples de ser feita e tem grandes resultados. Ao perceber que os alunos não estavam entendendo a lição, decidiu gravar as próprias aulas de matemática e exibir os vídeos para seus colegas, pedindo ajuda de como ela poderia melhorar na explicação. Essa experiência deu lugar para inovações e também para práticas saudáveis, de professores assistindo as aulas de outros professores e, depois, compartilhando ideias e sugestões.
Algumas escolas investem bastante em treinamento, e também o poder público.
Estudos mostram que muitos treinamentos de professores são inúteis por causa do conteúdo. As instituições tendem a focar em motivação, mas não é isso que os professores precisam. Eles querem ajuda para serem melhores em sala de aula e é nisso que os recursos deveriam ser utilizados. O balanço de tentativa e erro em vários países mostra que iniciativas como a mentoria – professores mais velhos orientando os mais novos –, troca de experiências de práticas bem-sucedidas em sala de aula, identificação e resolução de problemas concretos na aprendizagem dos alunos têm excelentes resultados e são melhor recebidos pelos próprios docentes.

http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/universidades-nao-preparam-professores-para-a-sala-de-aula-8k0jqvc2co2o8g75rj2xhzr4n

domingo, 24 de abril de 2016

Tecnologia x Saúde

Tablet e celular são vilões para os olhos

Estudo revela que 21% das crianças que usam aparelhos por até 6 horas têm problema de visão


Não é fácil convencer a pequena Rebecca, de 9 anos, de que o celular não pode acompanhá-la na cama antes de dormir, horário em que a menina costuma assistir à novela ‘Carrossel’ na tela do smartphone. Entretanto, controlar o vício de crianças cada vez mais jovens em celulares e tablets tem sido uma forte preocupação dos pais, que, alertados por estudos e especialistas, não querem ver a visão e a coordenação psicomotora dos filhos prejudicadas.

gerente de relacionamento Lívia Cavalcante, mãe de Rebecca, explica que o uso das tecnologias por parte da menina é monitorado. Estudante do período vespertino, ela tem acesso ao celular 30 minutos pela manhã, antes do colégio, e 30 à noite, quando chega em casa. “Se deixar, ela usa até no banheiro, na hora de dormir, de acordar”, comenta.

Maioria dos lares brasileiros acessa internet por smartphone: uso excessivo pode acarretar problemas de visão e comportamento em crianças
Foto: Divulgação

Segundo a mãe, a miopia de Rebecca e de outras crianças tem sido potencializada pelo manuseio cada vez mais precoce desses dispositivos, uma ideia que reverbera entre especialistas. Um estudo do oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, observou 360 crianças, de 6 a 9 anos, que usavam o computador por até seis horas ininterruptas. Delas, 21% apresentaram dificuldade de enxergar a longa distância, número bem acima dos 12% apontados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

O problema se agrava ao analisar a rápida ascensão dos smartphones, que, de acordo com uma pesquisa recente do IBGE, já ultrapassam os computadores em território nacional. Dos 36,8 milhões de lares que participaram do levantamento, 80,4% utilizam o dispositivo. Isso inclui outros problemas de visão, como a fadiga visual, e gera consequências mais indiretas, como a perda do sono, que não se limitam às crianças. O oftalmologista Queiroz Neto recomenda evitar o uso noturno de qualquer tipo de mídia, porque a luz azul contida nelas prejudica a produção de melatonina, hormônio responsável pelo sono.

A psiquiatria também estuda essa questão. André Brasil, da Associação Brasileira de Psiquiatria, ressalta que os adultos também são prejudicados por esse vício das sociedades urbanas. De acordo com ele, o ser humano tem tendência à solidão e ao isolamento, e a internet surge como uma válvula de escape para os mais tímidos. André Brasil traça uma analogia entre o vício em jogos e em drogas. Em ambos os casos, diz, há o prazer instantâneo, que, se for tirado do usuário, provoca abstinência. “A pessoa começa a ficar incomodada. São os mesmos fenômenos bioquímicos”, completa.

Em meio a isso tudo, há mães que já estão preocupadas com o futuro dos filhos pequenos. A fisioterapeuta Júlia Novaes, mãe do pequeno Gabriel, de 1 ano, acha difícil a criança não ter interesse em tecnologia enquanto os pais estão mexendo o tempo todo no celular. Para ela, o principal problema que o uso excessivo pode acarretar para a posteridade das crianças é um mau desenvolvimento da motricidade. “Elas ficam muito paradas”, lamenta.

Coordenadora do Centro Educacional da Lagoa, onde Gabriel estuda, Elizabeth Soto comenta que, lá, as tecnologias são usadas como ferramentas, não como fins. “Não negamos o avanço, mas não enfatizamos a brincadeira de computador. A escola tem que primar pelo desenvolvimento físico e intelectual”, opina Elizabeth, que desenvolve no colégio atividades psicomotoras de acordo com a idade das crianças.

DICAS PARA EVITAR A FADIGA VISUAL

Confira as recomendações do especialista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier:

1. Independente da mídia, evite em locais muito iluminados. Isso contrai as pupilas e diminui o contraste dos celulares.
2. Mantenha o celular a distância mínima de 30 centímetros e o monitor a 60cm.
3. O celular deve ficar 45 cm abaixo do olho e o monitor entre 10 a 20 cm.
4. Olhe para um ponto distante de 5 a 10 minutos a cada hora de navegação.
5. Aumente o tamanho das letras, regule a tela com o máximo contraste e pouca luminosidade.
6. Mantenha a tela do monitor ou celular sempre limpas.
7. Evite o ofuscamento não posicionando o monitor ou celular de frente para janelas.
8. Lembre-se de piscar voluntariamente quando usar internet fixa.
9.Quem passou dos 40 e tem presbiopia deve usar óculos apropriados para o computador. Muitos não utilizam.

http://odia.ig.com.br/mundoeciencia/2016-04-23/tablet-e-celular-sao-viloes-para-os-olhos.html