terça-feira, 27 de outubro de 2015

Ciências x CTSA




CIÊNCIAS
 A tendência atual do ensino de ciências é fazer com que os alunos observem, pesquisem em fontes diversas, questionem, registrem, relacionem com o seu cotidiano de vida e aprendam. Levar os alunos a trabalhar e a discutir problemas envolvendo fenômenos naturais e suas implicações que isto traz para o homem, a sociedade e o meio ambiente é tarefa fundamental no ensino desta disciplina e para isto devemos buscar um trabalho que priorize o processo de “alfabetização científica” e sua relação com a ciência, tecnologia, sociedade e ambiente (CTSA). 
 Tomando como referência a ideia de Paulo Freire sobre a alfabetização podemos entender que, “a alfabetização é mais que o simples domínio psicológico e mecânico de técnicas de escrever e de ler.” Logo, esta alfabetização deve possibilitar a compreensão dos conceitos científicos fundamentais, a natureza da ciência, ética e políticas que circundam sua prática e o entendimento das relações existentes entre a ciência, tecnologia, sociedade e meio ambiente.
 Podemos destacar um breve relato sobre a linha do tempo do ensino de Ciências no Brasil:
1879 É fundada a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro. Professores seguem o pressuposto de que o aluno descobre as relações entre os fenômenos naturais com observação e raciocínio.
1930 A Escola Nova propõe que o ensino seja amparado nos conhecimentos da Sociologia, Psicologia e Pedagogia modernas. A influência desses pensamentos não modifica a maneira tradicional de ensinar.
1950 Os livros didáticos são traduções ou versões desatualizadas de produções europeias, e quem leciona a disciplina são profissionais liberais. Vigora a metodologia tradicional, baseada em exposições orais.
1955 Cientistas norte-americanos e ingleses fazem reformas curriculares do Ensino Básico para incorporar o conhecimento técnico e científico ao currículo. Algumas escolas brasileiras começam a seguir a tendência.
1960 A metodologia tecnicista chega ao país, defendendo a reprodução de sequências padronizadas e de experimentos, que devem ser realizados tal como os cientistas os fizeram.
1961 Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), passou a ser obrigatório o ensino de Ciências para todas as séries do Ginásio (hoje do 6º ao 9º ano).
1970 A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência critica a formação do professor em áreas específicas, como Biologia, Física e Química, e pede a criação da figura do professor de Ciências. Sem sucesso.
1971 A LDB torna obrigatório o ensino de Ciências para todas as séries do 1º Grau (hoje Ensino Fundamental). O Ministério da Educação (MEC) elabora um currículo único e estimula a abertura de cursos de formação.
1972 O MEC cria o Projeto de Melhoria do Ensino de Ciências para desenvolver materiais didáticos e aprimorar a capacitação de professores do 2º grau (hoje Ensino Médio).
1980 As Ciências são vistas como uma construção humana e não como uma verdade natural. São incluídos nas aulas temas como tecnologia, meio ambiente e saúde.
1982 Surge o modelo de mudança conceitual, que teve vida curta. Ele se baseia no princípio de que basta ensinar de maneira lógica e com demonstrações para que o aprendiz modifique ideias anteriores sobre os conteúdos.
1996 foi aprovada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9.394/96, a qual estabelece, no parágrafo 2º do seu artigo 1º, “que a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social”. A LDB em seu artigo 26 estabelece que “os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada pelos demais conteúdos curriculares especificados nesta Lei e em cada sistema de ensino”. A formação básica do cidadão na escola fundamental exige o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo, a compreensão do ambiente material e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; esse aprendizado inclui a formação ética, a autonomia intelectual e compreensão dos fundamentos científicos tecnológicos dos processos produtivos.
2001 Convênio entre as Academias de Ciências do Brasil e da França implementa o programa ABC na Educação Científica - Mão na Massa para formar professores na metodologia investigativa.
2007 O Ministério da Educação, através do Decreto nº. 6. 095, de 24 de abril de 2007, autorizou a criação dos Institutos de Ciência e Tecnologia, com praticamente todas as prerrogativas e a autonomia de uma universidade dedicada exclusivamente à formação técnica e tecnológica e ao ensino de ciências. A ideia é que os atuais Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) se transformem em Institutos Federais de Ciência e Tecnologia, concentrando metade do orçamento em Educação Básica profissionalizante e a outra metade no ensino superior tecnológico. Neste caso, 20% serão destinados a cursos de licenciatura em ciências, física, química e matemática. Além disso, terão a obrigação de apoiar a rede pública de ensino básico na formação de professores.
Em 2015, o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), aplicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) terá ênfase na área de ciências, pois essa é a matéria que os alunos brasileiros estão mais defasados em relação aos outros países. O Brasil ficou em 59º lugar entre 65 países no exame de ciências segundo dados do PISA/2012, pois 53,3 % dos alunos brasileiros nos exame de ciências (PISA/2012) alcançaram apenas o nível 1(sendo nível máximo 6) de conhecimentos. Ou seja, são capazes de aplicar o que sabem apenas a poucas situações de seu cotidiano e dar explicações científicas que são explícitas em relação às evidências.       
Os objetivos maiores do ensino de Ciências, deve incluir a aquisição do conhecimento científico por uma população que compreenda e valorize a Ciência como empreendimento social. Os alunos não serão adequadamente formados se não correlacionarem as disciplinas escolares com a atividade científica e tecnológica e os problemas sociais contemporâneos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário